17 fev Se você é do tipo que se ofende, não leia
- Onde quer que eu esteja, não são poucas as vezes em que alguém me pergunta sobre o quanto o modelo de sociedade que conhecemos arrebanha as grandes massas através do sistema de ensino a fim de preparar as pessoas para serem empregados nas empresas públicas ou privadas.
Na realidade, tudo está montado dessa maneira e a maioria segue esse fluxo sem questionar. Vivem desse jeito, seus pais viveram assim e seus avós também. Por isso, quando descobrem a existência de pessoas que não são presas a esse modelo de vida convencional sentem-se com medo de ficarem sem o alpiste e a água no copinho que consomem diariamente dentro de sua gaiola. Por terem se acostumado com o cativeiro, sentiriam-se brutalmente inseguros fora dele. A ideia de voarem com suas próprias asas e de caçarem sua própria comida literalmente os aterroriza.
Compram esse produto, ou seja, esse estilo de vida, sem saberem que têm alternativas e, por isso, acabam vivendo abaixo de um nível de vida compatível com seu potencial. Não se sentem mal por isso. Adaptaram-se tanto com a privação e escassez que chegam a achar imoral toda e qualquer forma de abundância. Quando veem outros pássaros voando ou com a pretensão de voarem os consideram doentes, loucos ou fora da realidade. Seu condicionamento ao meio supera e nega o fato de serem pássaros, uma espécie que é anatomicamente preparada para voar e não rastejar.
Aliás, sua noção de realidade resume-se ao mundo que lhes foi apresentado, sem variações ou delírios típicos de inocentes fora da realidade, contagiados por modismos dos que não se intimidam com as estatísticas. Ao contrário, ainda que voar fosse apenas para 1 entre 1.000.000, esses desajustados sentiriam-se ainda mais atraídos a fazerem parte desse grupo seleto especial a terem de se conformar em viver dentro de uma gaiola cheia de diplomas e títulos pendurados na parede.
Se você leu até aqui e ainda não entendeu, vou ser mais claro. A escola e a faculdade, ou seja, todo esse sistema de ensino retrógrado está formatado para formar empregados. Adicione a tudo isso o fator político de controle das massas que, dentro das instituições públicas, usa a prerrogativa do currículo controlado pelo Estado para doutrinar jovens com fins políticos, travestidos de causas sociais.
Resultado desse show de horrores: um amontoado de jovens disputando a tapa as vagas de emprego no mercado de trabalho, o que exerce uma pressão para baixo no valor dos salários. Ninguém ganha por sua importância, mas sim por sua raridade. Um professor é muito importante, mas o Messi é mais raro e, por isso, é disputado por muitos clubes e, como consequência desse leilão, ganha muito mais.
Fazer-se raro é sempre uma consequência de ter a coragem de sair voando de sua gaiola. Dentro dela você vale muito menos. Você será um a mais na multidão de escravos modernos que têm um estilo diferente dos escravos de antigamente. Esses, antes da carta de alforria, tinham até moradia e comida pagos pelo seu dono. Hoje, os escravos modernos ainda pagam por seu apartamento por 30 anos para os bancos do governo, usam cartão de crédito para fazerem compras nos supermercados e ainda pagam impostos. Ao final da vida, enfrentam a triste fila do INSS para receber a aposentadoria que o governo, a cada ano, aumenta o prazo para o benefício e diminui seu reajuste.
A propósito, você foi treinado para chamar essa porcaria de benefício, para achar que a CLT lhe dá alguma segurança e para pagar contribuições sindicais para aquele pessoal bacana controlado pelos partidos políticos. Você foi treinado para acreditar que a escola e hospitais públicos são de graça. Foi treinado para achar normais as mordomias dos donos da corte e, o pior, para achar tudo isso muito legal, sem questionar. O máximo que lhe é permitido é ir para o trabalho resmungando na segunda-feira ou depois de um feriado.
É alguma espécie de pecado ser empregado? Não, eu tenho milhares deles. É um enorme desperdício você não acreditar que tem alternativas e pautar sua vida pela lavagem cerebral pela qual passou dentro do sistema. Gostando você ou não, dormirei com minha consciência mais tranquila porque não guardei esse “segredo” só para mim e meus filhos.
Aliás, muita gente me acha bem sucedido. Avaliando em perspetiva, considerando de onde vim e aonde cheguei, ok, tudo caminhou bem até agora. No entanto, se me for dado o privilégio de viver por mais algumas décadas, ainda gostaria que meus olhos pudessem testemunhar algumas coisas:
- que meus filhos, como eu, nunca tenham uma carteira de trabalho assinada;
- que eles nunca dependam de governo e que voem com suas próprias asas, sem medo e sem serem limitados pelo sistema de ensino (quanto a isso, eles já colocam a escola em seu devido lugar de pouca significância em sua educação).
Bem, se isso é o que desejo para os meus filhos, para vocês que me seguem por aqui, desejo o mesmo. Aliás, a cada dia, fico mais feliz ao ouvir histórias sobre suas conquistas.
Não aceite nada menos que o seu potencial pode lhe dar. Faça por merecer.
Não engula de graça tudo que essa sociedade medíocre tenta lhe empurrar.
Não se permita ser doutrinado por ambiciosos lobos vestidos de cordeiro, seja nas redes sociais ou nos palanques da vida.
Viva seu sonho, coloque-o em prática, ainda que tenha que lidar com os medíocres de plantão que acham que voar é para pássaros alienados que seguem modismos. Na realidade, modismo mesmo é seguir a boiada e viver de alpiste pelo resto da vida.
Fonte: GV